EXATAMENTE TUDO SOBRE CARROS... ISSO VOCÊ SÓ ENCONTRA AQUI!

█ NOTÍCIAS █ VÍDEOS █ FOTOS █ FATOS HISTÓRICOS █ CURIOSIDADES █ OFF ROAD █

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Off Road: Comprando um Jipe


Comprar um jipe é sempre um exercício de paciência. Tem que se procurar muito, pesquisar, olhar cada detalhe, conversar bem com o proprietário, para evitar problemas depois.
Não vamos aqui falar de coisas óbvias - como ferrugem, vazamentos de óleo e água, escapamento "melado" e fumacento - visto que estes detalhes são facilmente notados.
Como qualquer veículo usado certos cuidados são básicos. Entretanto, por ser um veículo que proporciona usos diversos e inspira a passeios em locais de difícil acesso, sua manutenção é algo que deve ser muito bem feita, ou terá problemas com certeza.
Seja um Samurai, um JPX, um Engesa, um Jeep Willys ou Ford, um Bandeirante, um Niva, um Pajero, um Vitara ou qualquer outro, os principais componentes precisam ser criteriosamente analisados.
Vamos dividir em categorias, para facilitar: primeiro, consideramos o carro parado. Os testes dinâmicos, com o veículo em movimento, serão comentados no final.


Chassis/Carroceria - Boa parte dos jipes ainda usa o conceito chassis + carroceria, pois é um sistema robusto, de fácil manutenção e que permite uma boa variedade de alterações.
Deve-se observar o alinhamento do chassis, procurando por pequenas trincas e soldas. Isso indicará uma provável fadiga de material, o que pode comprometer esse chassis em muito pouco tempo. Os jipes mais antigos com sistema de suspensão baseado em molas semi-elípticas (o famoso feixe de molas) possuem chassis do tipo aberto (perfil em "U"), pois ele é praticamente um componente da suspensão; sendo que em situações críticas ele "torce" para compensar o pouco curso desse sistema. Em jipes com molas helicoidais, o chassis é mais rígido, normalmente fechado, não permitindo torções. Portanto, devemos observar com mais cuidado o chassis "aberto", especialmente nas regiões próximas à fixação das molas e jumelos. É aí onde ocorre a maioria das trincas. Um chassis "fechado", por sua maior rigidez, apresenta menos problemas desse tipo.
Dos jipes construídos no sistema de monobloco, o Niva possui alguns pontos que devem ser observados com cuidado, como o local de fixação da transferência. Devido ao esforço, esse é um ponto onde ocorrem trincas com relativa facilidade. Não que isso seja comum. Uma boa maneira de verificar isso - já que a observação pura e simples pode não revelar nada - é checar se as alavancas de engate do bloqueio de diferencial e de reduzida estão trepidando muito. Isso costuma ser um indício de trincas no monobloco.
As buchas de fixação da carroceria são outro item a ser observado. Originalmente, elas são feitas de borracha, porém atualmente muitos proprietários as substituem por poliuretano, para obter uma maior durabilidade. Porém, isso tem um preço. O poliuretano, por ser um material mais duro que a borracha, transfere mais os esforços e trepidações do chassis para a carroceria, forçando esses pontos a um acentuado esforço, causando muitas vezes trincas que podem estar encobertas pela própria bucha de fixação. Uma boa "balançada" pode revelar rangidos "ocultos".


Suspensão - Além da costumeira "balançadinha" para checar os amortecedores, é muito importante analisar o estado das molas, sejam elas semi-elípticas ou helicoidais.
Se o jipe tiver molas semi-elípticas (feixe de molas), observe a sua curvatura. Se estiver quase reta, com os jumelos abertos, significa que o feixe está "cansado". Muitas vezes apenas uma rearqueada resolve. Por outro lado, lâminas muito arqueadas deixam a suspensão dura. Um meio termo é sempre o melhor. O estado geral das lâminas pode ajudar a definir se vale a pena rearquear ou não. Lâminas muito gastas correm o risco de se partir num esforço maior. As garras que abraçam o feixe devem estas bem ajustadas, sem espaços entre elas e as molas - isso permite jogo no feixe, aumentando o desgaste e os rangidos. Observe os jumelos e as buchas. Algumas necessitam lubrificação e, se estiverem secas, podem estar há muito sem os cuidados necessários, o que, fatalmente irá causar problemas muito em breve. Balance o jipe de lado a lado e verifique se não existe folga nos jumelos. Essas folgas normalmente causam o conhecido "Shimmy" (trepidação do sistema de direção após um buraco ou em velocidades específicas).
Em conjuntos helicoidais, observe se não há marcas entre os elos das molas; isso indica molas cansadas, batendo os elos.
Observe as buchas nos braços e barras da suspensão, e nas bandejas (se houverem).
Verificar os amortecedores é simples. Se não estiverem vazando e estiverem cumprindo seu papel, que é o de amortecer o movimento pendular das molas, tudo bem.
Uma última olhada no alinhamento horizontal geral do carro, para ver se não tem nenhum lado mais alto do que outro e pronto.


Motor - Primeiro abra o capô e observe o aspecto geral do conjunto motriz. Procure por vazamentos. Manchas ferruginosas próximas à bomba d'água e elementos do arrefecimento indicam que está vazando, ou já vazou. Cuidado.
Vazamentos de óleo na parte superior do motor podem indicar apenas uma junta defeituosa. Nada muito complicado, mas pode significar problemas maiores. Observe o conjunto de alimentação (bomba de gasolina, carburador, filtros e mangueiras); vazamentos aí podem ser perigosos. Um carburador com aparência suja, pode indicar pouca manutenção.
Observe junto aos coletores de escape se não tem manchas escuras, que indicam vazamentos de gases. Verifique se os coxins estão em ordem e ligue o motor. Muita fumaça logo de cara pode indicar folga nos anéis. O motor deve se manter em marcha lenta sem engasgar e sem variar de rotação. Acelere forte e escute se sobe de giro de forma constante e se não ocorrem "pipocos" no escapamento, o que indicaria algum furo no sistema de exaustão. A normalização da rotação deve ocorrer suavemente e estabilizar na marcha lenta.
Se tiver servo-freio, pise no pedal e veja se o motor não morre. Ar-condicionado e direção hidráulica também devem ser testadas com o motor em marcha lenta. O motor deve perder um pouco de giro, mas não pode morrer. Acelere lentamente, observando se o giro do motor sobe de forma suave. Se tiver ventoinha elétrica, observe a temperatura da água quando ela começar a funcionar e quando parar. Apure o ouvido e fique atento a "clancs" e "troks-troks".


Transmissão - Comece com uma boa olhada nos diferenciais, câmbio, tração e reduzida, eixos e cardãs à procura de vazamentos. Em carros que não utilizam eixo rígido, observe as coifas das juntas homocinéticas. Uma chacoalhada nos cardãs ajuda a verificar as possíveis folgas. Se tiver roda-livre, acione-a para checar se engata com suavidade. Se possível levante o carro, coloque o engate de tração em neutro e gire uma das rodas com as mãos, checando se o diferencial está em ordem. A roda deve girar um pouco (bem pouco!) até que o diferencial faça uma suave "clunk" e comece a girar o cardã. Faça o mesmo tanto na dianteira quanto na traseira. Na dianteira, lembre-se de engatar as duas rodas-livres antes do teste. Aproveite que as rodas estão no ar e, segurando no ponto mais alto e mais baixo da roda, force-a para frente e para trás. Se ocorrer alguma oscilação, isso indica que existem folga nos rolamentos de roda, que podem estar apenas mal ajustados ou defeituosos.

Direção - A primeira verificação deve ser a folga. Qualquer coisa acima de 1/16 de volta é para se ter cuidado. Observe os pivôs nas barras de direção, barra estabilizadora (se houver) e terminais de roda. Esterce a direção para cada lado checando o número de voltas e se o volante não fica duro. Observe se os pneus não encostam em nenhum ponto da carroceria ou conjunto de suspensão. Verifique o desgaste dos pneus, para detectar algum desalinhamento. Em jipes de eixo dianteiro rígido não existe ajuste de Caster (inclinação das rodas); portanto, se houver um desgaste irregular na banda de rodagem, pode significar algum problema no eixo dianteiro ou nos munhões.


Elétrica - A parte elétrica de um jipe é sempre um ponto crítico. Visto estarem em contato com água e lama e não serem exatamente blindados, os fios e conexões sofrem muito desgaste. Para verificar o estado geral do sistema, começamos por uma inspeção visual. Pontas de fita isolante soltas indicam que a isolação naquele ponto não foi bem feita, ou foi usada fita de baixa qualidade. Em ambos os casos deve ser refeita. Verifique se os fusíveis estão corretamente instalados, acenda todas as luzes e toque a fiação para ver se não há pontos quentes, o que significa mal contato. Se o veículo possuir voltímetro e/ou amperímetro confira seu funcionamento. Com o motor desligado, acenda os faróis e verifique sua intensidade. Dê a partida e veja se o brilho aumenta. Se for uma variação muito grande, a bateria pode estar com problemas, ou o alternador não a está carregando corretamente.
O motor de arranque é outro ponto a ser cuidadosamente verificado pois fica muito exposto à lama e água.
Pequenos problemas elétricos não necessariamente invalidam uma compra, pois são de fácil solução. Mas quando observados, permitem uma negociação no preço.


Freios - Cuidados extras devem ser tomados com este sistema pois um jipe é sempre um veículo pesado e quando os freios falham o estrago é maior, especialmente no Porshe à sua frente...
Muitos proprietários têm adaptado sistemas de freios à disco na dianteira, para melhorar a segurança. Atitude correta e louvável, mas que deve ser muito bem feita.
Se esse for o caso, verifique se foi usado um kit de adaptação pré-existente, ou se foi feita alguma adaptação de outro veículo. Muitas vezes o sistema é superestimado e o veículo passa a travar as rodas com relativa facilidade. Uma olhada nas pastilhas e discos para ver se não há desgastes irregulares, uma "bombadinha" no pedal para ver se ele está firme (e não duro) e vá testar rodando. Escolha uma rua reta, mais lisa possível e com pouco trânsito. Rode um pouco e freie forte, para sentir se não "puxa" para os lados e se não trava as rodas.

Finalmente, procure obter o maior número de informações possíveis de tudo o que foi feito no veículo. Se houver alguma adaptação, pergunte como ou por quem foi feita e de qual veículo se originaram as peças. Isso ajudará bastante na hora de alguma troca ou para fazer a manutenção.

Fonte: UOR - Universo Off Road

Nenhum comentário: