Quem foi ao estande da GM no Salão do Automóvel viu um utilitário esportivo de 5,20 metros de comprimento cujo estilo lembra o Captiva. Era o Traverse 3.6 V6, modelo que não veio a passeio. Estava ali para tentar carimbar o passaporte para o Brasil no ano que vem, caso a aceitação do consumidor seja boa. Mesmo que a avaliação seja positiva, no entanto, esta viagem corre o risco de não ser realizada.
O que pode atrapalhar a vinda do modelo é o momento ruim que ele chega ao mercado: a GM americana luta para não entrar em concordata, situação provocada principalmente pela estratégia equivocada de vender jipões com motores beberrões em plena crise do petróleo. Por mais que a marca ressalte as qualidades do 3.6 V6 de 292 cavalos (injeção direta de alta pressão e consumo bem abaixo do normal), estes jipões já estão estigmatizados. A empresa, claro, diz o contrário: “É o veículo certo na hora certa, que traz a nossa marca para uma nova geração de consumidores”, disse Ed Peper, gerente geral da Chevrolet norte-americana na época do lançamento, em outubro.
O segundo motivo que dificulta sua importação é operacional: a GM teria de investir em treinamento da rede, homologação do produto, importação de peças de reposição... Tudo isso com o dólar em alta. Será que o volume de vendas que esse modelo teria aqui justifica tamanho investimento? Como não é mexicano como o Captiva, teria de recolher 35% de Imposto de Importação, e chegaria com preço salgadíssimo. Vale lembrar que a GM recentemente desistiu de trazer a picape Avalanche, por ser muito grande e cara. E ela viria do México, isenta do tal imposto.
A Revista Autoesporte teve rápido contato com o Traverse no Campo de Provas da GM, em Indaiatuba (SP). A novidade agradou, apesar de todas as ressalvas ambientais e mercadológicas. É confortável e tem comandos de fácil acesso. A visibilidade dianteira é muito boa, por conta do painel mais baixo e da altura dos bancos. As linhas modernas e bonitas seguem o padrão dos novos modelos da GM, com a grande grade trapezoidal cromada.
A força do motor V6 (37,3 kgfm do torque) chama a atenção, especialmente em rotações baixas. Até 100 km/h o motor fica em 1.500 rpm e, até 120 km/h, a 2 mil rpm. E é justamente esta regulagem do propulsor que tende a reduzir o consumo, segundo a GM.
Apesar de ser um utilitário esportivo, o Traverse tem trejeitos de van. Comporta com conforto até oito pessoas, tem monitores para os passageiros dos bancos traseiros e vão livre do solo um pouco menor que o normal de um jipão (18,3 cm). Se tivesse portas laterais deslizantes certamente passaria por van, segmento que a GM não tem atuado há algum tempo. E caso a empresa sobreviva à maior crise de sua história, deverá oferecer cada vez menos modelos como este nos próximos anos.
Fonte: Auto Esporte
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